Tuesday, October 23, 2007

O primeiro dia...

Agora sou uma Malae, e não uma Malae de dias contados pelo calendário de férias, vim para ficar por uns tempos, porque na vida só ficamos por uns tempos! Atordoada pelo calor não senti nenhuma emoção especial quando cheguei. Olhei a ilha da janela do avião com a natural curiosidade de quem chega a um lugar novo. Mais que isso não senti, talvez uma pontada de decepção por não ter a vegetação tão luxuriosa quanto esperada.
O atavismo do calor e dos dois dias a viajar foi subitamente interrompido quando a mala onde tinha o passaport e o laptop desapareceram da cabine do avião. E numa correreria tentou-se evitar o pior. O único pensamento que me ocorreu foi "como vou eu entrar no país ou voltar à origem? "Enfim tudo se resolveu. Um timorense a quem a mãe lhe tinha falecido, desaustinado pelo facto, sem querer, trocou as malas.
Foi porém um momento importante para perceber que teria que aprender tetum, o polícia na fronteira dificilmente me compreendeu.Não podemos habitar num país onde não compreendemos a sua língua, ainda que entendido como um dialecto, a verdade é que este povo fala tetum.
O episódio passou, era altura de nos encaminharmos para o hotel. Era altura de ver mais. E pelas estradas empoeiradas e esburacadas foi-se-me apresentando a cidade, sem qualquer emoção, mas jamais esquecerei as tendas dos refugiados que que se avistavam nos jardins, as roupas e alimentos, os porcos nas estradas e as casas velhas e decadentes.
Há muito mais a ver, seguramente com as emoções que não senti...isto é só o início!