Monday, December 3, 2007

O dote...

Dudi vem-me buscar para fazermos o nosso jogging e vem acompanhado da sua secretária Dona Benvinda. Eu entro no carro e somos apresentadas. Dona Benvinda lança um dos mil sorrisos e um pequeno riso. Dudi fala em tétum, pergunta-me se estou bem e diz a Dona Benvinda que estou a aprender a língua e que rapidamente estarei a falar. Pergunta-lhe sobre o feriado do dia seguinte e se se prevê algum distúrbio. Dona Benvinda responde que não. Deixamos Dona Benvinda na sua casa que é uma tenda num campo de deslocados e seguimos para a nossa corrida. Diz-me então Dudi: “- Tenho que lhe contar algo, disse a Dona Benvinda que tinha dado 10 búfalos a seus pais e que você é muito, muito cara”.
Entre um sorriso e a indignação lá fomos falando sobre o dote. Nos vários distritos de Timor há a tradição do dote. O homem que quer casar com determinada rapariga tem que pagar por ela a seus pais. E por esta troca comercial a rapariga tem que ser trabalhadora sob pena de ser vítima de alguns açoites por parte do marido e sua sogra, afinal a rapariga custou uns búfalos e talvez umas cabras.

um dolar..

Numa conversa de café, a propósito de me ter convertido ao acto de regatear e de em Dili se pedir um dolar por qualquer coisa ou qualquer serviço, alguém me disse:
"- aqui tu és um dolar com pernas!".
E a imagética de um dolar com pernas ficou na memória ao ponto de me lembrar da pessoa sempre que alguém me pede um dolar.