Saturday, November 10, 2007

Fotografias

As fotografias são cortesia de mana Cátá...

Finalmente nomes...

Chegou ao fim a terceira semana, sinto alguma falta de pequenas coisas, talvez por isso e na posse por fim dos meus bens pessoais, que estavam retidos na alfândega há quase três semanas porque me recusei a pagar uns dinheiros ao pessoal da agência e alfândega, coloquei um bonito vestido, uns stilettos quando atendi a um almoço na impressão interior que ia almoçar na Europa. Rapidamente se desfez essa impressão quando descendo a escadaria do hotel vejo as restantes pessoas de chinelo, calção e blusa, saio para a rua e o calor mostra que usar saltos neste clima é tudo menos boa ideia. A vontade que tenho do ritual do chá das cinco... que pretendo retomar assim que mudar para a minha casa; e a vontade de jantar no japonês em frente a casa na companhia do meu José e do Rui vai espreitando de quando em quando... naqueles momentos em que cansada do calor me assolam esses tempos à memória, como seguramente me virão um dia os tantos momentos bons que tenho passado aqui com a Mana Cátá e Dudi. Finalmente posso revelar nomes!

Mana Cátá e eu fizemos um pequeno jantar de mulheres na quinta feira em resposta a um natural cansaço da semana. O calor, as pessoas e os aborrecimentos que derivam de uma total falta de organização dum país em recuperação e em completo estado de privação de electricidade acaba por colocar qualquer santo num estado de incómodo latente. Sabíamos disso bem sei... mas é inevitável! E não são queixumes... Estamos a gostar de estar cá, muito. Mana Cátá é portuguesa mas como eu (apesar de nos termos adoptado mutuamente como amigas) prefere distância dos portugueses e por isso evitamos ao máximo o contacto com os nossos nacionais. Mana pergunta quais os sumos naturais que o restaurante tem e a empregada responde que só tem refrigerantes, enunciando os diversos ... sprite, sumol, pepsi, ice-tea... – Bom, então pode ser um gin-tónico!!!! Foi a gargalhada... Rua (dois) gin-tónico por favor! E ao sabor de gin-tónico contamos histórias, rimos e tiramos fotografias como se fossemos turistas de férias em Timor.
Vamos contando as nossas peripécias da semana e são muitas, estar em reunião com membros do governo, nos seus gabinetes sem ar condicionado torna a reunião uma sauna, a intensidade do calor tolda as ideias, mas consegue-se com algum esforço, enquanto suamos em bica, trazer a informação que necessitamos. E é esta facilidade de acedermos ao centro de decisão e conhecimento que torna trabalhar aqui deveras interessante.
... No final da semana mana Cáta liga-me dizendo que a minha massagem de uma hora pode ser alterada para hora e meia desde que não me importe que a mesma seja feita por um homem. -“Bom, acho que não!” - respondo eu, o sítio é credível. Mas apesar do meu sim à alteração ligo ao Dudi a questionar quais os usos por estas bandas e se é aconselhável fazer uma full body massage com um homem. Dudi responde-me com alguma reserva dizendo que o local tem boa reputação e que portanto à excepção do meu natural pudor, crê não haver problema. E lá vou eu apostada em experimentar... Minhas amigas, aconselho vivamente! Se inicialmente o estado de alerta pelo cultural pudor nos impede de estar a apreciar a massagem, rapidamente abandonamo-nos ao verdadeiro prazer de uma boa massagem.. Mana Cátá já me tinha alertado para as maravilhosas mãos destes asiáticos pois tinha experimentado hand and foot massage nas mãos de dois tailandeses.
Apesar de ir chovendo nas montanhas, por Dili nada. Está muito calor e os problemas da electricidade, ou seja a sua inexistência porque só há um gerador para abastecer a cidade, persiste. Eu não me posso queixar porque vivo no hotel que tem os seus próprios geradores, que só ocasionalmente, pela natural sobrecarga, deixam de funcionar momentaneamente. Acontece que não ter electricidade origina vários problemas, o que me ocorre contar-vos é o relativo aos alimentos. Não é preciso um génio para perceber que os alimentos que consumimos (quase todos) necessitam de refrigeração. Por isso mesmo e pela continua interrupção de energia que alimenta os frigoríficos, os alimentos tornam-se impróprios para consumo. Muito alimento deitado fora. Pode também acontecer ingerirmos alguns alimentos impróprios e nesse contexto lá fui eu levar uma maça cozida ao Dudi que entretanto se sentiu mal. A minha primeira visita de enfermeira! Um dia deste acontecerá comigo, com certeza!

De resto estou com grande vontade de ir até Bali, viver em Dili é confinante. Já sinto que pertenço a este lugar pois as pessoas que encontro nos vários sítios a que vou são conhecidas, vou cumprimentando A e B, como se estivesse por aí, a diferença é que são quase todos de diversas nacionalidades e o inglês é a língua. Um inglês com pronuncias diversas que me vão alertando para o local de origem de cada um. Já vou falando umas palavras em tétum, e vou já percebendo o que dizem!

Estou esperançada em começar o curso de mergulho para a semana e rapidamente começar a mergulhar, para já tem sido muito snorkeling. Esta semana percebi também que é uma péssima ideia uma mulher malae ir sozinha para a praia ou mesmo duas mulheres. Valeram, talvez, os militares australianos que aparecerem! Há todo um ritual de segurança para as mulheres malae a verificar. Não me assusto com isso, apenas fico alerta para o que posso e não fazer ou para onde posso ou não ir. O senhor Francisco que é o meu motorista segue-me para todo o lado, diz-me: “aqui não senhora, para ali também não. Esta parte é perigosa. Agora não pode abrir porta (quando se aproximam alguns indivíduos timorenses).” O senhor Francisco lá me foi contando depois de duas semanas a conduzir-me pelas estradas de Dili e a cuidar que nada me acontecesse a história da sua vida e as suas orientações políticas. Retraio-me de fazer qualquer comentário político e ouço só as suas opiniões sobre as figuras do Estado. Percebo a sua opinião acerca da presença dos portugueses e dos australianos.